Motivada pelo grande número de e-mails recebidos, vou tentar aqui esclarecer os motivos pelos quais me desliguei, a pedido, da Prefeitura de Rio das Ostras. E para ser bastante direta e acredito que meus leitores certamente não aceitariam tergiversações vazias, digo que se estabeleceu para mim o fim de um ciclo e o desafio de assumir novas demandas.
Entretanto, quero começar por alguns agradecimentos, também públicos. Primeiro à cidade, que me acolheu, depois à Prefeitura de Rio das Ostras, pelo convite na figura do Prefeito Carlos Augusto, e à Secretaria de Educação, que me deu a oportunidade de participar na elaboração do nosso referencial curricular. Mantenho meu respeito a todos e o desejo de uma gestão comprometida com os interesses do povo.
Acredito que as sementes foram plantadas e agora considero que devemos seguir e construir outros trabalhos. Nossa história é forjada com muita luta e dignidade, princípios caros, como a valorização dos profissionais da educação, o plano de cargos e salário, a gestão democrática etc. Acreditamos que o avanço nas relações e no compromisso pedagógico não possa ser coadjuvante de meros dispositivos burocráticos.
Queremos, no entanto, ressaltar que estivemos juntos à Secretaria de Educação enquanto vivíamos um projeto mais democrático e desafiador. E por um tempo foi de fato apaixonante. Entretanto, no momento em que se descaracterizaram estas ações, aquele modelo se desfaz.
Desejamos nesta cena que os agentes sejam de fato provocados e desafiados a avançar nas conquistas com intensa participação. Os avanços não vêem através de benesses e sim de luta, da compreensão e do entendimento. O professor não está em sala de aula apenas para executar. Ele tem de ser desafiado, motivado, chamado para o jogo, para o bom combate.
Para tudo isso é preciso liberdade para pensar, para fazer. Um processo engessado por apenas uma maneira de pensar pode se tornar desastroso. E basta um olhar pela história para entender.
Asseguro que independente de estarmos ou não em Governos, o que nos interessa é o projeto macro, a questão nacional, um projeto nacional de nação. A população de Rio das Ostras precisa saber o que tem sido feito pela educação deste país e em quais campos. Quero compartilhar que mantenho minha disposição e compromisso com a defesa da educação como princípio e direito, como nos diz a nossa Constituição.
Feito isso, desejo informar que acabo de assumir cadeira no Conselho do Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da Valorização dos Profissionais da Educação, no Estado do Rio de Janeiro. Aqui vale considerar que o Fundeb é um avanço ao enxergar a educação como um todo, desde a educação infantil até o ensino médio. Um avanço também porque representa um aporte muito maior de recursos. Nesse sentido, integrar o Conselho é mais do que uma tarefa honrosa, é um desafio e uma responsabilidade enormes, dado que há de se ter controle sobre a aplicação destes recursos, o que num Estado como o Rio de Janeiro me parece um desafio redobrado.
Outra tarefa que aceitei foi a de fazer parte da organização da Conferência Nacional de Educação – CONAE. Quanto a esta, estou literalmente saltitante. É neste espaço que vamos debater e atuar no campo das idéias, de forma democrática, com todos os belos embates possíveis, para construir, para avançar. As personagens envolvidas precisam atentar que está em curso um novo plano de educação, diretrizes e estratégias nacionais para efetivação do Sistema Nacional Articulado de Educação. Estar no centro dessas discussões é mais do que um desafio, é um prazer.
Recentemente participei do IX Congresso Ordinário da FETEERJ – Federação de Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino no Estado do Rio de Janeiro, que aconteceu em Nova Friburgo e homenageou a educadora e militante negra Lélia Gonzales. Lá, fui eleita para a nova diretoria da entidade no biênio 2009/2011 e assumi a Secretaria de Organização e Relações Políticas, Sociais e Sindicais.
Coloquei aqui estes meus novos desafios, que com certeza não eliminarão aqueles do meu dia-a-dia. O desafio de realizar um trabalho comunitário, através do Centro Cultural de Educação Popular de Rio das Ostras – CEPRO estará sempre na ordem do dia. Construímos uma instituição que vem se solidificando e mostrando visibilidade. Ali, no bairro Âncora, exercemos um projeto de cidadania, educação e cultura.
Além disso, estão em pauta o desafio de discutir educação e luta no meio sindical; a tarefa de ajudar a conduzir a CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação; o desafio de teimar em construir um diálogo com os novos professores e funcionários de escolas, no sentido de ampliar a teia que tecemos visando a dar transparência às políticas pedagógicas que encaramos em nosso trabalho; o desafio de ser mulher e dona-de-casa; o desafio de ser uma cidadã política atuante; o desafio de saber dizer não na hora certa.
Obrigada a todos os colegas da educação e de outras áreas por tudo que me proporcionaram. Minha trajetória está mais rica, com certeza.
Estou em campo, trabalhando pelo(a) professor(a), pelo(a) trabalhador(a), pela educação, pelas mulheres, pelas crianças, pelo meio ambiente, pelo povo de Rio das Ostras, pelo povo brasileiro.
Um grande e fraterno abraço da Professora Guilhermina Rocha.
Profª Guilhermina Rocha
Especialista em Educação e Historiadora
Presidente do CEPRO
Colunista do Jornal Razão – Rio das Ostras
Email: guilherminarocha@oi.com.br
CEPRO – Centro Cultural de Educação Popular de Rio das Ostras
Avenida das Flores, nº 394 – Bairro Residencial Praia Âncora
Rio das Ostras – RJ
Telefone: (22) 2760-6238 / (22) 9834-7409
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Blog: http://cepro-rj.blogspot.com
CEPRO – Um projeto de cidadania, educação e cultura em Rio das Ostras