Conforme países e culturas, os calendários variam. A nação auriverde também tem seus caprichos. Um deles é que o ano só tem início, para muitos, depois do carnaval.
Trata-se de uma forma original de marcar o tempo. É como se o país parasse para cortejar sua Majestade, o Rei Momo, e só depois recomeçar a vida. Esse é mais um jeito de ser do brasileiro e da brasileira.
Mas nem tudo foi samba no carnaval. Como ainda acontece em certas regiões, como Pernambuco, nos primórdios do século XX os ritmos eram bem variados.
No Rio de Janeiro, àquela época Capital da República, a festa sofria um “corte de classe”: havia o carnaval “da elite” e outro “do povo”. No primeiro, havia os corsos e os desfiles das sociedades carnavalescas. Aí dominavam os carros alegóricos e as bandas que tocavam de marchas a seleções de óperas. No lado popular, pululavam blocos, cordões e ranchos, onde no repertório havia de chulas a lundus.
O corso era coisa de grã-finos, com seus carros apinhados de foliões fantasiados. Pierrôs, Colombinas e marinheiros eram mais comuns.
As “batalhas” eram travadas na base de confetes e serpentinas. Bandas tocando marchas completavam o cenário.
Aos mais pobres, restava a criatividade. No início do século XX, uma das personalidades que deram origem ao samba foi Tia Ciata, conhecida líder da comunidade baiana do Rio de Janeiro. Com operários e descendentes de escravos, ela criou o rancho O Macaco é outro.
O samba carioca só pouco a pouco foi se espalhando pelo Brasil afora, até ser consagrado como o ritmo carnavalesco por excelência. E, mais do que isso, passou a ser um dos símbolos maiores da cultura nacional. Formando aquela famosa tríade estereotipada pela qual o Brasil é mais conhecido no exterior: samba, café e futebol.
Mas antes de o samba reinar, outro ritmo mandava na folia. Era o maxixe, que chegou a ser considerado “coisa de malandro” e perseguido pelas autoridades da repressão.
Não por acaso, que o primeiro samba considerado “moderno” tinha como título A Malandragem, gravado por Francisco Alves, em 1927. Já a primeira escola de samba chamada Deixa Falar, foi fundada em 1928, por Ismael Silva. A idéia de “Escola de Samba” ocorreu pelo fato de o bloco ser vizinho a uma escola normal, que formava professores.
O samba se firmou como sinônimo de carnaval, com a era do rádio, a partir dos anos 1930, e com as gravações sonoras nos antigos discos de 78 rpm.
Depois da Deixa Falar, muitas outras escolas de samba foram criadas. Dentre as mais famosas e tradicionais destacam-se Portela, Mangueira e Salgueiro. Mas, é claro, que conforme a afeição pessoal as escolas preferidas e merecedoras de nomeação seriam outras, todas “nota dez”.
Agora, é preparar a fantasia e cair na folia. Porque depois da quarta-feira de cinzas a dura realidade do brasileiro, inexoravelmente, sempre vem à tona.
Diretoria do CEPRO
Fonte: Almanaque Brasileiro de Cultura Popular, ano 2004
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