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Lançado pelo governo federal, o Plano Nacional de Eficiência Energética tem o objetivo de reduzir o desperdício e o consumo de energia.
Comprar uma lâmpada sempre pareceu uma tarefa simples e sem muitas escolhas. Mas, hoje em dia, a história mudou, e as prateleiras estão repletas de opções. Dentre elas, a lâmpada econômica. Embora com um valor acima das comuns, a economia de energia elétrica é irrefutável – até 80% –, além da durabilidade, pois estas lâmpadas podem durar até 13 vezes mais que as comuns. Este é apenas um dos exemplos de desperdício de energia, que também pode ser encontrado no comércio, nas grandes indústrias e no meio rural. Com o objetivo de promover políticas contra o desperdício, o Ministério de Minas e Energia (MME)lançou o Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEF).
Elaborado com uma série de entidades e organizações da sociedade civil, as premissas e diretrizes básicas do Plano foram colocadas em consulta pública e culminarão num planejamento de ações, com o objetivo de chegar em 2030 com uma redução de 10% da sua carga do ano. De acordo com publicação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo de energia elétrica no país permanece elevado. “O consumo nacional
de energia elétrica no Brasil totalizou 35.378 gigawatts-hora (GWh) em novembro de 2010, com alta de 4,0%, frente a igual mês de 2009, e crescimento de 8,1% no acumulado do ano. As classes residencial (3,9%) e comercial (1,0%) seguem em expansão, mesmo com significativa influência negativa de temperaturas mais amenas nas regiões Sul e Su- deste”, apontou o estudo.
Segundo o diretor do departamento de desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia, Hamilton Moss, a inclusão da eficiência energética no âmbito do planejamento é um grande avanço. “Quando incorporamos a eficiência energética ao plano, diferentes agentes sociais (indústrias, universidades, concessionárias e sociedade) passam a ter ação, coordenada por meio de programas”, explicou. O diretor-geral do Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), Jayme Buarque de Hollanda, acredita que não bastam perfurações, barragens de rios, conforme está estruturado o setor energético. “Entendemos que parte importante desta energia deveria ser melhor utilizada. Como atender a demanda da sociedade usando menos hidrelétricas, menos petróleo? Esta é uma questão absolutamente possível, até na compra de uma lâmpada econômica, que parte de uma decisão individual”, enfatizou.
Cidades sustentáveis
Embora a ação individual de cada um pela economia de energia seja fundamental, também é preciso ampliar e aplicar tais políticas nas cidades. Lâmpadas econômicas podem ser usadas em postes de iluminação; energias alternativas podem ser utilizadas em construções sustentáveis, de acordo com normas de sustentabilidade ambiental; além de preocupação e planejamento de iluminação, condicionamento de ar e envoltória da construção. “Articulamos com diferentes áreas e programas. Um deles é o Minha Casa, Minha Vida, com incentivos para aquecimento solar nas casas. A construção precisa ser pensada desde o início.
Pensar o prédio como algo integrado. Não adianta construir belíssimos prédios de vidro, que podem se transformar em verdadeiras estufas sem ventilação adequada, aumentando o consumo de ar condicionado”, disse Hamilton Moss. Ele ainda destacou que deve haver um esforço conjunto da sociedade. “Cursos de engenharia e arquitetura devem ter matérias nesse sentido de sustentabilidade, mas o empenho deve ser coletivo e pode ser expandido para cursos de administração e economia, por exemplo”, contou Hamilton.
Fazendo as contas
Além de pesquisas de universidades, apoios técnicos, é fundamental a participação e conscientização da sociedade. “Temos que fortalecer mais a educação da sociedade, para que o preconceito e o desconhecimento não prejudiquem o desenvolvimento. Se grande parte da população se conscientizar do seu poder como consumidor, não vai ter espaço para equipamentos menos eficientes e as indústrias terão que se adaptar”, afirmou a engenheira química e líder de projetos de sustentabilidade, Lívia da Silva Farias. Ela dá exemplo e assume que pesquisa em
todos os equipamentos que irá adquirir o selo Procel (indicador de economia de energia e eficiência energética). “Na minha casa, televisão, geladeira, ar condicionado, micro-ondas, máquina de lavar roupa, lâmpadas e o próximo a ser adquirido, o fogão, são selo A”, destacou.
O diretor do INEE, Jayme Buarque de Hollanda, citou alguns exemplos de usos ruins de energia: “O gás natural como combustível nos automóveis não significa um bom uso. Além disso, os carros flex (compromisso com duas tecnologias: gasolina e etanol) são ineficientes e desperdiçam muita energia. Qual a receita? Vamos usar carros elétricos e diminuir uma das maiores latas de lixo de energia que temos”. Ainda
de acordo com Jayme, de toda a energia primária que sai do Brasil, apenas 1/3 se transforma em energia útil e 2/3 são jogados fora. “O PNEF é uma importante iniciativa e demonstra vontade política em mudar essa situação”, registrou.
O jornalista André Trigueiro disse que aprendeu a fazer a conta do jeito certo. “Sei exatamente a implicação de uma aquisição sem consciência. Não me iludo com preços baixos e tenho consciência de um consumo sustentável”, declarou. Nesse ponto, entra o papel conscientizador da educação.
Campanhas, seminários, palestras, material didático podem e devem incentivar a população a um consumo consciente.
“O PNEF tem interface com outros setores, como por exemplo, o Ministério da Educação, pelo qual podemos promover amplas campanhas de conscientização”, ressaltou Hamilton. Jayme concorda com o envolvimento da sociedade e ratifica: “Envolver a sociedade nesse processo é bom, mais barato e agride
menos o meio ambiente”. Economizar energia, desenvolver novas tecnologias e investir em educação são tarefas primordiais, haja vista o cenário de exclusão elétrica no país: milhares de famílias ainda não têm acesso à energia elétrica.Situação que, paulatinamente, vem mudando, especialmente no campo, com o Programa Luz para Todos.
Fonte: Fisenge
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