da Agência Brasil
Depois de seis meses fechado para obras, o Paço Imperial, um dos prédios de maior importância histórica do Rio de Janeiro, reabriu suas portas ao público hoje (18). A reforma executada com recursos de R$ 2,9 milhões do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi a mais ampla feita no local desde os anos 1980, quando o Paço teve restituído o perfil arquitetônico do século 19.
Os diferentes usos que o local teve a partir da Proclamação da República – o Paço chegou a abrigar por quase 90 anos a sede dos Correios – haviam descaracterizado o prédio de onde o Brasil foi governado da Colônia ao Império, passando pelo Reino Unido com Portugal, de 1808 a 1822.
“A reforma foi fundamental para dar estrutura ao prédio para o papel que ele hoje desempenha, que é o de um centro cultural”, explica o arquiteto Lauro Cavalcanti, diretor do Paço Imperial. O projeto dessa segunda reforma coube ao arquiteto Glauco Campello, também autor da primeira reforma, realizada entre 1982 e 1985.
Vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Paço foi o primeiro prédio tombado do Brasil transformado em espaço de exposições de arte contemporânea. Há mais de duas décadas consolidado como local de marcantes exposições temporárias, o Paço reabre com a mostra 1911-2011 – Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú.
Com curadoria do crítico de arte Teixeira Coelho, diretor do Museu de Arte de São Paulo (Masp), a exposição apresenta 180 obras de 139 artistas, que constituem um recorte da produção realizada no país, nos últimos 100 anos. A coleção começou a tomar forma no início do grupo Itaú, há mais de 60 anos.
Além de atender às exigências para a exibição da arte contemporânea, a reforma também contemplou as necessidades de outras atividades culturais, como a Sala dos Archeiros, destinada a apresentações teatrais, shows e recitais de música. “A sala ganhou um ar-condicionado extremamente silencioso e novo tratamento acústico”, conta Cavalcanti, lembrando a importância do local para a música nos últimos anos. “Foi lá que nasceu a ideia da gravadora Biscoito Fino, durante a série Compasso do Paço”.
Outra grande preocupação da reforma foi a disponibilidade de informações para os visitantes sobre a história do prédio. As salas passaram a ter uma melhor sinalização, tornando evidentes pelo lado interno, por exemplo, a sacada da qual dom Pedro I comunicou sua permanência no Brasil (o “Dia do Fico”) e a sacada de onde a princesa Isabel mostrou ao povo a Lei Áurea. A área onde desde a primeira reforma funcionava o cinema abrigará, a partir de dezembro, uma exposição permanente, com informações históricas sobre dom João VI, dom Pedro I e dom Pedro II.
“Visitar o Paço é reviver momentos importantes não só da história, mas também das mudanças da sociedade brasileira. Para os cariocas, é muito significativo visitar um local de onde, pela primeira vez e única na história, uma nação europeia foi governada a partir das Américas, como foi o caso de Portugal durante o reinado de dom João VI”, destaca o diretor do Paço Imperial.
Com entrada franca, a exposição da Coleção Itaú fica em cartaz até 12 de fevereiro de 2012 e pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 12h às 18h. A programação do próximo ano, já praticamente definida, terá mostras do fotógrafo Mario Testino, de 15 de março a 20 de maio; obras da Coleção Lelia Coelho Frota (junho/julho); e uma exposição comemorativa dos 80 anos do cartunista Ziraldo, de novembro a fevereiro de 2013. O Paço Imperial fica na Praça XV de Novembro, no centro do Rio de Janeiro.
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