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2011 foi um ano muito agitado na esfera ambiental. Foi um ano de lutas contra a Reforma do Código Florestal – que está mais para Código Ruralista; de batalhas intensas para interromper a construção da hidrelétrica de Belo Monte, que também pode se chamar de Belo Monstro, e foi ainda um ano de preparação e expectativas.
Boa parte destas expectativas já foi frustrada com o resultado da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, ou simplesmente COP 17. O desfecho desse megaevento que aconteceu em Durban, na África do Sul, de 29 de novembro até 11 de dezembro, foi frustrante para muitos ativistas, organizações de meio ambiente e cientistas.
Enquanto se almejava comprometimento com o meio ambiente e a situação da Mãe Terra para conseguir curar as feridas do nosso planeta, o que se viu foi poderosos interessados em saber quanto e para quem se deve pagar para continuar poluindo, vulnerando, devastando.
Para Fabrina Furtado, do Jubileu Sul/Américas e Brasil, que esteve em Durban durante a COP 17, entender este evento vai demorar um pouco, será preciso “digerir”. Após acompanhar as negociações sobre mercado de carbono, Protocolo de Kyoto e Redução de Emissões por Desmatamento e Emissões (REDD), a ativista resume e joga um questionamento: “A COP é mesmo uma conferência de poluidores, um circo, e por quanto tempo vamos continuar sendo os palhaços?”.
“Precisamos falar de uma nova sociedade, da recuperação e fortalecimento das relações indígenas e tradicionais, solidárias, interdependentes e complementares entre os povos e entre a gente e a natureza. E não somente em mais ou menos emissões, mais ou menos transparência, mais ou menos regulação”, sentencia.
A ativista reforça suas convicções ao citar o documento do Jubileu Sul/Américas: Rejeitamos a mercantilização e a financeirização da Natureza, as falsas soluções do mercado, o endividamento imposto, a economia verde, os serviços ambientais, que continuam lucrando com a destruição da vida. Nosso mundo não está à venda, nossa dignidade, amor pela terra, saberes e culturas, tampouco. A Natureza, a Pachamama, a vida: Não se vende, nem se endividam; Se defendem!
Também sobre a COP, o assessor do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, Ivo Poletto, compartilha da opinião de Fabrina: nada de concreto foi decidido pelos governantes do planeta na direção do acordo necessário para controlar as emissões de gases que aumentam a temperatura da Terra e agravam as mudanças climáticas.
Diante desse desfecho, como se pode avaliar 2011? O que representou este ano na luta rumo à justiça social e ambiental? Avançamos? Retrocedemos? Estagnamos? Seguimos pelo caminho certo ou erramos tentando acertar?
Poletto sentencia: em 2011 “continuamos aumentando teimosamente nossa responsabilidade pelo desequilíbrio que leva a Terra a não conseguir evitar eventos climáticos extremos, com graves consequências para todas as formas de vida”.
Pelo visto, ainda temos muito o que fazer, evoluir, lutar, organizar, pensar juntos, construir coletivamente. Nesse sentido, os olhares se voltam para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20. As esperanças se renovam com a realização de mais um evento de grande porte, que reunirá tomadores de decisões em junho, no Rio de Janeiro (Brasil).
Mas será que a Rio+20 deve mesmo ser considerada a tábua de salvação? Para Pedro Ivo Batista, coordenador da Rede de Integração dos Povos (Rebrip), não há como saber se a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável vai ser melhor ou pior que a COP17. “É uma incógnita”, diz.
Pedro explica que a pauta do evento de junho de 2012 é limitada e menos extensa que a da COP 17. Diferente da Conferência sobre Mudanças Climáticas, os temas – Economia Verde e Desenvolvimento Sustentável – já estão definidos. “Há um risco de as decisões do evento não representarem um avanço muito grande porque a pauta é diminuída diante dos desafios e não toca problemas de fundo”, opina.
E 2012?
No próximo ano, quais questões deverão permear as mentes e os corações da população e dos ativistas sociais? Rubens Harry Born, coordenador executivo da instituição sócio-ambiental Vitae Civilis, aposta, com base na COP 17, que em nível mundial voltará a ganhar força os desafios relacionados à mudança climática.
“Não estão claras as metas de emissões dos países ricos. Como se garantirá as promessas dos 30 bilhões de dólares para ajudar os países pobres?”, questiona.
Olhando para o Brasil, Harry Born aposta na continuidade dos embates em torno do Código Florestal. Outro ponto será a discussão sobre megaprojetos – siderúrgicas, mineradoras e hidrelétricas – versus desenvolvimento segundo a realidade regional.
As previsões já foram feitas, então, que venha 2012. O indicativo dos movimentos sociais e ambientais não é de descanso, mas de muito trabalho, todos, sem exceção, asseguram que a luta continua.
CEPRO – Um Projeto de Cidadania, Educação e Cultura em Rio das Ostras.
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