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Marcelo Barros
Monge beneditino e escritor
“Que a saúde se difunda sobre a terra”, diz o livro do Eclesiástico, um dos livros judaicos escritos pouco antes da era cristã. Essa frase está servindo de lema para a Campanha da Fraternidade 2012 sobre “Fraternidade e saúde pública”. É o tema que a CNBB, conferência dos bispos católicos do Brasil, escolheu para a Quaresma- Páscoa deste ano. De fato, o assunto é oportuno e urgente, seja pela situação ainda precária do sistema de saúde pública em nosso país, seja pela relação profunda que esse problema tem com a fé e com a proposta pascal de Jesus. 
No Brasil, movimentos cristãos de linha espiritualista, sejam católicos, sejam pentecostais, fazem cultos invocando a cura divina. Pastores reúnem multidões em praças públicas, colocam na frente as pessoas enfermas, invocam o nome de Jesus, impõem as mãos e muitas saem dali sentindo-se curadas. Independentemente do fato de que, nesse tipo de fenômeno, sempre podem ocorrer fraudes e mentiras, muitos crentes vivem isso com toda pureza da sua fé. Devemos ter o mais profundo respeito por essa forma de interpretar a fé e a oração.
Entretanto, nos evangelhos, Jesus nos convida sempre a irmos ao cerne das questões. Não adianta combater a erva má simplesmente arrancando as folhas. É preciso ir à raiz.
Como sinal de que o projeto divino para o mundo é saúde para todos, Jesus curou alguns doentes, mas sempre chamando a atenção de que era preciso mudar a estrutura social que provocava aqueles males, seja no caso a marginalização social da pessoa doente, seja a cultura de que a doença era consequência de algum pecado. Assim, o compromisso da fé não pode ser apenas aliviar as dores de um ou outro doente, mas cuidar para que todos tenham saúde e vida. Quem divide a vida em material e espiritual e opõe essas duas dimensões não vê relação entre saúde e salvação. Ao contrário, tanto nas culturas antigas, como atualmente na concepção da Organização Mundial da Saúde, define-se a saúde como um processo. Não é um estado adquirido de forma permanente e é um bem estar corporal, social e psíquico que envolve também a dimensão espiritual. Jesus já intuía isso ao curar um paralítico, fazendo-o levantar-se da cama e lhe assegurando o perdão, a reconciliação consigo mesmo, a integração social e a reabertura ao amor divino no seu coração. Essa ação de Jesus revela a nossa missão no plano da saúde. A Campanha da Fraternidade desse ano propõe a chamada “bioética dos 4 P”: promoção da saúde, prevenção de doenças, proteção das pessoas vulneráveis e precaução frente ao desenvolvimento biotecnológico. É mais do que hora de garantir a todos os brasileiros o acesso universal, integral e equânime aos cuidados necessários de saúde (CF. 2012, texto básico, n. 261, p. 110). 
A festa da Páscoa começou sendo uma celebração da primavera. A tradição judaica associou a história da libertação de Israel da escravidão do Egito com o tempo da festa de Páscoa. Para os cristãos, foi durante uma festa de Páscoa que Jesus deu sua vida por nós e foi por Deus ressuscitado, se tornando fonte de vida nova para toda a humanidade. Por isso, trabalhar para aperfeiçoar e tornar mais justo e democrático o sistema de saúde público no Brasil é uma forma de concretizar a ação pascal e testemunhar de que Deus continua inspirando um projeto de mundo novo no qual cremos e pelo qual optamos.
Fonte: Adital
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