Estamos, aos poucos, retomando uma trajetória interrompida: a
discussão pública acerca dos rumos do desenvolvimento brasileiro.
Bloqueado desde os anos 1990 pela hegemonia do pensamento neoliberal,
que não se preocupa com o futuro, esse debate ganha agora nova
vitalidade, quando a crise internacional obriga o governo brasileiro a
traçar novas estratégias de defesa de nossa economia e sociedade, desta
vez apostando em uma nova dinâmica do mercado interno, na ampliação da
capacidade de consumo das maiorias.
discussão pública acerca dos rumos do desenvolvimento brasileiro.
Bloqueado desde os anos 1990 pela hegemonia do pensamento neoliberal,
que não se preocupa com o futuro, esse debate ganha agora nova
vitalidade, quando a crise internacional obriga o governo brasileiro a
traçar novas estratégias de defesa de nossa economia e sociedade, desta
vez apostando em uma nova dinâmica do mercado interno, na ampliação da
capacidade de consumo das maiorias.
A retomada da discussão traz
uma disputa entre distintos e importantes atores presentes na sociedade
brasileira. As grandes corporações transnacionais, os maiores grupos
financeiros, identificam desenvolvimento como sendo crescimento, e suas
operações não visam ao território em que operam, mas sim sua reprodução
no cenário internacional, e levam as riquezas geradas no Brasil para o
circuito financeiro internacional. O território, nessa concepção, é sua
plataforma de acumulação. Não há preocupações com a qualidade de vida no
local nem com a sustentabilidade ambiental. E se os fatores de produção
ficarem mais baratos em outro lugar, então se mudam para lá.
uma disputa entre distintos e importantes atores presentes na sociedade
brasileira. As grandes corporações transnacionais, os maiores grupos
financeiros, identificam desenvolvimento como sendo crescimento, e suas
operações não visam ao território em que operam, mas sim sua reprodução
no cenário internacional, e levam as riquezas geradas no Brasil para o
circuito financeiro internacional. O território, nessa concepção, é sua
plataforma de acumulação. Não há preocupações com a qualidade de vida no
local nem com a sustentabilidade ambiental. E se os fatores de produção
ficarem mais baratos em outro lugar, então se mudam para lá.
Já
os pequenos e médios empreendimentos não têm os mesmos objetivos. Eles
são dependentes dos consumidores presentes em seu território e que nele
vivem. Sua existência está condicionada à evolução da economia e da
sociedade local. São a grande maioria, mais de seis milhões de micro e
pequenas empresas.
os pequenos e médios empreendimentos não têm os mesmos objetivos. Eles
são dependentes dos consumidores presentes em seu território e que nele
vivem. Sua existência está condicionada à evolução da economia e da
sociedade local. São a grande maioria, mais de seis milhões de micro e
pequenas empresas.
Outro setor importante, outros atores, são os
64% da população economicamente ativa que estão no setor informal de
nossa economia, que em muitos casos se articulam de maneira cooperativa e
solidária, e não se pautam por relações capitalistas de produção, pela
exploração do trabalho, mas lutam pela sobrevivência contando com pouco
apoio de políticas públicas para sua reprodução.
64% da população economicamente ativa que estão no setor informal de
nossa economia, que em muitos casos se articulam de maneira cooperativa e
solidária, e não se pautam por relações capitalistas de produção, pela
exploração do trabalho, mas lutam pela sobrevivência contando com pouco
apoio de políticas públicas para sua reprodução.
A discussão sobre
estratégias de desenvolvimento precisa acolher e articular em sua
formulação esses distintos atores, e subordinar os interesses de lucro à
função social da propriedade e da produção, isto é, ao fortalecimento
dos agentes que atuam e vivem no território.
estratégias de desenvolvimento precisa acolher e articular em sua
formulação esses distintos atores, e subordinar os interesses de lucro à
função social da propriedade e da produção, isto é, ao fortalecimento
dos agentes que atuam e vivem no território.
Articular esses
distintos atores na ótica da defesa do interesse público e do
desenvolvimento do território é papel do Estado e significa uma ruptura
com as políticas que apoiavam e financiavam as grandes corporações e o
“livre mercado”. Nunca houve o “Estado mínimo” preconizado pela doutrina
do Consenso de Washington. O Estado sempre teve papel determinante para
garantir as condições de reprodução dos interesses transnacionais no
território. Agora a discussão é se o Estado pode cumprir outro papel,
atendendo à demanda de outros atores da sociedade.
distintos atores na ótica da defesa do interesse público e do
desenvolvimento do território é papel do Estado e significa uma ruptura
com as políticas que apoiavam e financiavam as grandes corporações e o
“livre mercado”. Nunca houve o “Estado mínimo” preconizado pela doutrina
do Consenso de Washington. O Estado sempre teve papel determinante para
garantir as condições de reprodução dos interesses transnacionais no
território. Agora a discussão é se o Estado pode cumprir outro papel,
atendendo à demanda de outros atores da sociedade.
Pernambuco, por exemplo, está vivendo um boom
de sua economia – portos, estaleiros, polo petroquímico, construção
civil, etc. –; falta mão de obra especializada e o regime é de pleno
emprego, mas não há qualquer preocupação com a questão social e
ambiental. Ainda vigora a concepção de que crescimento é igual a
desenvolvimento, mesmo que ele continue a gerar desigualdade e pobreza.
de sua economia – portos, estaleiros, polo petroquímico, construção
civil, etc. –; falta mão de obra especializada e o regime é de pleno
emprego, mas não há qualquer preocupação com a questão social e
ambiental. Ainda vigora a concepção de que crescimento é igual a
desenvolvimento, mesmo que ele continue a gerar desigualdade e pobreza.
Da
mesma forma, nosso plano nacional de energia precisa acelerar seus
investimentos para garantir o suprimento e assim sustentar o crescimento
econômico. Não saiu da pauta a construção de usinas nucleares e
termelétricas, que atendem aos interesses de investimentos
transnacionais, mas estão sendo questionadas na Europa como formas
perigosas e ultrapassadas de enfrentar a questão, principalmente depois
do acidente de Fukushima. O desastre ambiental modificou a política de
muitos países, que suspenderam investimentos em energia nuclear e
pretendem fechar as usinas em operação. Nós, não. Continuamos com os
planos de antes, como se nada tivesse acontecido.
mesma forma, nosso plano nacional de energia precisa acelerar seus
investimentos para garantir o suprimento e assim sustentar o crescimento
econômico. Não saiu da pauta a construção de usinas nucleares e
termelétricas, que atendem aos interesses de investimentos
transnacionais, mas estão sendo questionadas na Europa como formas
perigosas e ultrapassadas de enfrentar a questão, principalmente depois
do acidente de Fukushima. O desastre ambiental modificou a política de
muitos países, que suspenderam investimentos em energia nuclear e
pretendem fechar as usinas em operação. Nós, não. Continuamos com os
planos de antes, como se nada tivesse acontecido.
A disputa pelas
alternativas de desenvolvimento está na ordem do dia, potenciada pela
necessidade de o Brasil se defender da invasão de produtos mais baratos;
de o Brasil se defender do “tsunami financeiro” mencionado pela
presidente Dilma.
alternativas de desenvolvimento está na ordem do dia, potenciada pela
necessidade de o Brasil se defender da invasão de produtos mais baratos;
de o Brasil se defender do “tsunami financeiro” mencionado pela
presidente Dilma.
São necessidades de curto, médio e longo prazos
que precisam ser combinadas. Elas podem convergir para a criação de um
novo modelo de desenvolvimento, como podem também manter a estratégia de
facilitar os negócios das grandes empresas. A questão não é técnica,
mas política. A quem beneficiará o novo modelo? É possível continuar com
a estratégia de manter as facilidades para os grandes negócios e
aumentar a renda e a capacidade de consumo dos mais pobres? Se a
economia deixar de crescer ao ritmo dos últimos anos, vai acabar esse
jogo em que todos ganham? Quais são os atores que podem impulsionar o
surgimento de um novo modelo de desenvolvimento, este, sim, sustentável?
que precisam ser combinadas. Elas podem convergir para a criação de um
novo modelo de desenvolvimento, como podem também manter a estratégia de
facilitar os negócios das grandes empresas. A questão não é técnica,
mas política. A quem beneficiará o novo modelo? É possível continuar com
a estratégia de manter as facilidades para os grandes negócios e
aumentar a renda e a capacidade de consumo dos mais pobres? Se a
economia deixar de crescer ao ritmo dos últimos anos, vai acabar esse
jogo em que todos ganham? Quais são os atores que podem impulsionar o
surgimento de um novo modelo de desenvolvimento, este, sim, sustentável?
Essas
e outras perguntas estão ganhando espaço e importância na sociedade
civil, estão sendo debatidas por grupos que buscam recuperar o papel da
cidadania na definição dos rumos da nação. Bem-vindos os debates sobre
as alternativas de desenvolvimento!
e outras perguntas estão ganhando espaço e importância na sociedade
civil, estão sendo debatidas por grupos que buscam recuperar o papel da
cidadania na definição dos rumos da nação. Bem-vindos os debates sobre
as alternativas de desenvolvimento!
Silvio Caccia Bava é editor do Le Monde Diplomatique Brasil e coordenador-geral do Instituto Pólis.
Fonte: Le Monde Diplomatique Brasil.
CEPRO – Um Projeto de Cidadania, Educação e
Cultura em Rio das Ostras.
Cultura em Rio das Ostras.
Alameda
Casimiro de Abreu, nº 292 – Bairro Nova Esperança – centro
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Rio das
Ostras – RJ
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Telefone:
(22) 2760-6238 / (22) 9834-7409
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