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A coletiva que a Cúpula dos Povos promoveu hoje no Sindicato Dos
Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro reuniu jornalistas dos mais
importantes veículos de comunicação das Américas e da Europa. Durante o
encontro, foram discutidos os principais assuntos que entrarão na pauta
de discussões no evento que vai acontecer em menos de um mês no Rio de
Janeiro.
Quem esteve à frente foram Marcelo Durão e Fátima Mello,
integrantes do Grupo de Articulação da Cúpula dos Povos. Num primeiro
momento, foi feito um apanhado geral do evento e de algumas
bandeiras que a entidade levanta – direito à terra e à cidade,
descentralização da natureza, consumo consciente, desenvolvimento
sustentável – e posteriormente, a mesa foi aberta para perguntas.
O que realmente preocupa

Marcelo Durão explicou que uma das maiores expectativas que a
Cúpula tem é que a Rio+20 seja capaz de reduzir, efetivamente, o poder
das corporações nas decisões e que os interesses da iniciativa privada
não prevaleçam mediante às negociações sobre questões sociais e do meio
ambiente. Durão atenta para o fato de que esses debates devem ser
permanentes e que é algo que já vem sendo reiterado há um certo tempo.
“Esse é um processo que não se inicia, nem acaba aqui”, alerta.
Fátima Mello diz que hoje há uma “captura corporativa do sistema
ONU”. E explica que “as corporações têm avançado sobre convenções,
regimes internacionais, que ao nosso ver deveriam estar direcionada aos
povos. Nós queremos uma ONU para os povos e não para as corporações. Nós
queremos a democratização efetiva do sistema internacional”.
Fátima deixou claro que a Rio+20 deveria, de fato, reconhecer certos
atores que não reconhece na prática. Para ela, é necessário que haja uma
democratização dos organismos internacionais. Um dos temas que foi dado
como exemplo foi o fato de que não dá para discutir a questão da
segurança alimentar sem ter os atores diretos presentes e inseridos
dentro das discussões para que eles sejam capazes de expor seus pontos
de vista e requerer o direito à terra.
Há que se pensar na necessidade de um modelo de desenvolvimento que
atenda e leve em consideração os povos, mas não é o que se vê na
discussão oficial. E é aí que entra a Cúpula dos Povos, que pretende dar
voz e vez aos que não as têm. É com a força que a Cúpula ganhou ao
longo dos anos que se tem tentado levar à mesa de discussão os atores e
as comunidades afetadas, levar àquelas pessoas que estão diretamente
ligadas às zonas de conflito, às zonas ameaçadas. Na opinião de Marcelo
Durão o que ocorre é uma inversão. “A voz e a vez são sempre das
corporações porque a pauta é sempre econômica.”, explica.
Fátima Mello e Marcelo Durão respondem às perguntas dos jornalistas durante coletiva (Foto: Adriana Medeiros)
Por dentro da Cúpula

A Cúpula dos Povos recebeu quase 23 mil inscritos, mas que
devido à questões de acomodação e segurança, houve a necessidade de se
fazer uma triagem e selecionar apenas 15 mil pessoas, que virão de
várias partes do mundo, em especial das Américas, Europa e norte da
África. Sem falar no cadastro de pessoas físicas, que ainda será aberto.
Ao final da coletiva, falou-se um pouco de como se dará a organização
no encontro. Ao todo, foram mil e cem atividades autogestionadas
inscritas pelos participantes. Houve um enxugamento, devido à razões de
tempo e espaço. Essas atividades foram propostas pelos próprios
participantes, elas seguirão para as plenárias e posteriormente para as
assembleias. Outra atividade interessante que terá na Cúpula são os
“Territórios do Futuro”. Lá serão apresentadas práticas, soluções,
experiências que mostram o que a sociedade civil quer para o mundo e
para os povos.
Fonte: cúpula dos povos

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