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Marcelo Barros
Monge beneditino e escritor
Cada ano, no dia 23 de agosto, a ONU celebra o dia
internacional da lembrança do tráfico de escravos e de sua abolição. Durante
toda a próxima semana, acontecerão eventos e conferências sobre o assunto em
vários países, principalmente naqueles mais marcados por essa terrível chaga da
história que foi a escravidão negra. No entanto, até pelo título das
comemorações da ONU, alguém pode pensar que se trata apenas de uma lembrança
longínqua e uma memória do passado. Infelizmente não é essa a verdade. Quando os
escravos foram libertados, não receberam nenhuma indenização, nem ajuda para
viver. Foram jogados nas ruas e favelas. Seus descendentes até hoje sofrem
consequências dessa injustiça. Além disso, o racismo continua vigente em muitos
países do mundo. A escravidão mudou apenas de forma. Embora ilegal, o tráfico
de seres humanos permanece fonte de riqueza para máfias internacionais,
especializadas em prostituição forçada e em migrantes clandestinos que lhes
rendem dinheiro. Os escravagistas do século XXI não operam mais em navios
negreiros e sim em jatos de última geração. De acordo com dados da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), os lucros provenientes do tráfico humano, são
de 32 bilhões de dólares por ano. No mundo de hoje, 12.3 milhões de pessoas já
passaram por alguma forma de trabalho forçado ou de servidão. Destas, 9.8
milhões foram exploradas por agentes privados, incluindo mais de 2.4 milhões em
trabalho forçado resultante do tráfico humano. Os dados mais elevados
encontram-se na Ásia, com cerca de 9.4 milhões, seguidos de aproximadamente 1.3
milhões na América Latina e nas Caraíbas, e de pelo menos 360.000 nos países
industrializados e considerados do “primeiro mundo”. Perto de 56 % das pessoas
vítimas de trabalho forçado são mulheres e jovens menores de idade.
Quanto à escravidão no campo, em países como a
República Dominicana, o Paraguai e mesmo o Brasil, a cada dia, aparecem
denúncias de novos casos, descobertos e constatados. Conforme o relatório da
Comissão Pastoral da Terra, em 2011, se registraram no Brasil, 249 casos de
trabalho escravo em fazendas e empresas rurais, com 4348 pobres trabalhadores
que viviam como escravos. Desses, foram resgatados e libertados pela
fiscalização federal 2505 pessoas. E as outras? A maioria desses casos aconteceu
no Pará, em Goiás, em Minas Gerais e Maranhão. Algumas fazendas são distantes
de tudo e perdidas no nada das terras ocupadas no Oeste, mas outras estão bem
próximas da chamada civilização. De acordo com esses dados, muitas indústrias
de ferro e aço empregam mão de obra escrava, assim como há uma relação estreita
entre o desmatamento da Amazônia e o emprego de trabalho forçado. E isso para
falar somente do campo. Em pleno centro de São Paulo, indústrias de fundo de
quintal e empresas de tecelagem empregam bolivianos em situação ilegal e
obrigados a morar no lugar de trabalho, com horários extenuantes e sem salários
fixos. Trabalham para pagar dívidas que crescem ininterruptamente e exigem mais
trabalho.
Há cinco anos, o governo federal e alguns organismos
da sociedade civil elaboraram um pacto nacional para a erradicação do trabalho
escravo. Essas medidas têm ajudado, mas a má erva precisa ser extirpada na
semente e nas raízes. A raiz da escravidão é o sistema social que perpetua a
desigualdade social e considera o dinheiro mais importante do que a vida. O
trabalho escravo atinge principalmente índios, negros, mulheres pobres e
crianças. Ele atenta contra a dignidade das vítimas, mas também de toda a
sociedade que convive com uma barbaridade dessas. O trabalho escravo ainda
persiste porque os que o praticam encontram pessoas com tal fragilidade social
que se tornam mais vulneráveis a isso Cada um/uma de nós é responsável por
criar uma cultura, nas quais esse tipo de crime se torne impossível. Principalmente,
quem está ligado a alguma tradição espiritual deve assumir esse compromisso
pela justiça como testemunho de sua fé em um Espírito que é amor e ternura
solidária. Há muitos anos, um poeta escreveu: “Quem trabalha pelo pão de cada
dia, faz avançar no mundo o projeto divino. Quem varre a rua e recolhe o lixo
está preparando o reino de Deus”.
Fonte: Adital
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