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da Agência Brasil

Filmes que misturam linguagens, transitando entre a
ficção e o documentário, para retratar a relação dos portugueses com os
imigrantes, emigrantes e a própria identidade se destacam na mostra Cinema Português Contemporâneo.
O festival, com nove longas-metragens e dez curtas, pode ser visto no
espaço Caixa Cultural, no centro da capital paulista, de 3 a 8 de julho.
Um dos destaques é o longa Juventude em Marcha, dirigido
por Pedro Costa. “É um filme que o Pedro Costa vai filmar na Cova da
Moura, um bairro social [pobre] na periferia de Lisboa. É um filme que
tenta recuperar a memória social dos cabo-verdianos que moravam naquele
bairro, que depois foi transformado em conjunto habitacional”, explica a
curadora da mostra, Michelle Sales.
A temática comum que permeia as produções faz parte da pesquisa que
Michelle começou a desenvolver em Portugal. “Eles representam a minha
proposta, que é pensar a identidade portuguesa, a representação da
nação, a diáspora em Portugal. Como o português olha para o estrangeiro e
para o imigrante”, conta.
Nessa linha estão algumas obras produzidas por autores que a
curadora classifica como pertencentes à Geração Curtas. “É o nome que a
gente deu para a geração que conseguiu financiamento do Estado para
fazer o seu primeiro curta-metragem”, comenta sobre esses jovens
diretores que investem em linguagem altamente experimental e “se
consagram muito mais na crítica do que em bilheteria”.
Michelle explica que o financiamento estatal é uma conquista recente
que tem dado maior liberdade criativa para os cineastas, por não
dependerem de sucesso comercial para realizar as produções. “O país
criou um sistema de financiamento para o cinema que privilegia esse tipo
de produção experimental, voltada para um mercado de arte, para
circular exatamente nesse espaço dos festivais e das mostras”.
Além disso, de grande parte deles ter ganhado destaque na última
década, os diretores da Geração Curtas também se caracterizam por ser,
em sua maioria, do Norte do país. “Ser do Norte representa estar mais
próximo de uma identidade da essência portuguesa”, completa a curadora.
Entre esses estão Sandro Aguilar (Mercúrio) e João Salaviza (Arena, ganhador da Palma de Ouro de Cannes).

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