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Agência Internacional de Energia afirma que apenas a geração de eletricidade foi responsável pela emissão de 30,6 gigatoneladas de dióxido de carbono no ano passado, o que diminui as chances de se manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC.
Com a economia se recuperando da crise já se previa que as emissões de gases do efeito estufa iriam voltar a subir depois de um período de queda em 2009, o que não se esperava é que tão rapidamente teríamos um recorde histórico.
A maior alta das emissões do setor elétrico havia sido em 2008, com 29,3 gigatonelas (Gt), mas bastou a economia global voltar a acelerar que as emissões ultrapassaram essa marca, chegando a 30,6 Gt no ano passado segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE).
Para piorar o quadro, a AIE afirma que será muito difícil reduzir esse valor, pois 80% das emissões do setor até 2020 não poderão ser evitadas já que são provenientes de usinas em funcionamento ou em construção que são vitais para o fornecimento de energia dos países onde estão localizadas.
“O significante aumento das emissões de CO2 e a previsão dos investimentos em infraestrutura que ampliarão a geração energética mundial representam um grande obstáculo nas esperanças de manter o aquecimento global em menos de 2ºC”, afirmou Faith Birol, economista chefe da AIE.
Esse limite de 2ºC foi sugerido por cientistas e adotado por líderes mundiais como sendo o máximo de aquecimento tolerado para evitar as piores consequências das mudanças climáticas. Para conseguir isso, é preciso que a concentração de gases do efeito estufa presente na atmosfera não ultrapasse as 450 partes por milhão de CO2equivalente.
Segundo a AIE, para cumprir o cenário de 450 partes por milhão, as emissões não podem ultrapassar as 32Gt até 2020. Isso significa que nos próximos dez anos, as emissões não poderão crescer mais do que cresceram apenas entre 2009 (29Gt) e 2010 (30,6Gt).
“Nossas últimas estimativas são um novo alerta. O planeta está incrivelmente perto do nível de emissões que não poderia ser alcançado até 2020. Por isso, mais do que nunca, são necessárias ações ambiciosas e concretas que surtam efeito em curto prazo se é que vamos mesmo tentar controlar em 2ºC o aquecimento”, declarou Birol.
Em entrevista ao jornal The Guardian, o pesquisador Nicholas Stern, autor do renomado Stern Report sobre o lado econômico das mudanças climáticas, afirmou que a situação é pior do que se previa. “As estimativas da AIE mostram que as emissões estão de volta ao padrão do ‘business as usual’, o que de acordo com o Painel Intergovernamental para mudanças climáticas (IPCC) representa uma chance de 50% para que o aquecimento global ultrapasse os 4ºC até 2100.”
Um aumento dessa magnitude na temperatura média do planeta significaria transformações irreversíveis nos ecossistemas e teria impactos severos na vida de centenas de milhões de pessoas, forçando migrações em massa e intensificando conflitos por recursos naturais.
A AIE afirma que o desafio para conter as emissões nunca foi mais complexo que agora. Segundo a agência, 40% das emissões globais em 2010 vieram dos membros da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne nações com alto índice de desenvolvimento.
Os países ricos também apresentam as maiores emissões per capita, com 10 toneladas por ano em média, quase o dobro dos chineses, por exemplo, com 5,8 toneladas.
Porém, foram os emergentes, liderados pela China e Índia, os maiores responsáveis pelo crescimento das emissões.
Conseguir chegar a uma equação de corte de emissões que seja justa para países ricos e em desenvolvimento segue sendo um dos principais problemas das negociações climáticas internacionais.
Com relação aos combustíveis, a AIE descreve que 44% das emissões em 2010 foram provenientes da queima do carvão, 36% do petróleo e 20% do gás.
* Publicado originalemnte no site CarbonoBrasil.
   Fonte: www.envolverde.com.br
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