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O sexto aniversário do assassinato da freira Dorothy Stang em Anapu, no Pará, praticamente passou em branco no Brasil. Nilo D’Avila, hoje coordenador de políticas públicas do Greenpeace em Brasília e que na época da morte de Dorothy trabalhava na campanha da Amazônia, foi um dos poucos que não se esqueceu. Ele mandou mensagem para nossa equipe relembrando o dia em que a freira morreu. Vale ler o que Nilo escreveu:
“Foi num sábado, 12 de fevereiro de 2005. Por volta das 10h da manhã, cheguei no escritório em Manaus para trabalhar. Meu prazo para entregar o 1º esboço da pesquisa sobre soja estava vencendo e todo dia era segunda feira naqueles dias. Telefones tocando, atendo contrariado um deles e de sopetão recebo a notícia: mataram Irmã Dorothy Stang. Grande parte do time do Greenpeace na Amazônia estava, naquele dia, com a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participando da assembléia de criação da associação comunitária da reserva extrativista Verde Para Sempre em Porto de Moz. Em Manaus me lembro de Marcelo Marquesini, Tica Minami e Cordelia iniciando um longo trabalho de filtragem de informação e apoio logístico. O fim de semana tinha acabado para nós e o trabalho de soja foi colocado em segundo plano.
Trinta e seis horas depois, a turma de Porto de Moz foi para Anapu e eu fui parar em Belém. Encontrei, no salão onde foi prestada uma homenagem a Dorothy antes de o corpo retornar para Anapu, vários desorientados e abatidos ativistas das causas sociais e ambientais que, como eu, tentavam entender o que estava acontecendo. Além de Dorothy, quatro lideranças dos trabalhadores rurais do Pará foram assassinadas naquele sábado. Era um plano? Nunca saberemos. Não fui para Anapu, mas o Greenpeace estava lá representado por Paulo, Carlos e outros.
Os dias que se seguiram foram agitados: O exército chegou, reservas foram criadas, prisões e julgamentos começaram a acontecer. Um enredo conhecido de reações, atrasadas do Estado ao assassinato de uma liderança que virou noticia. Foi assim com Chico, não foi assim com DEMA, Fusquinha, Brasília…
Lembro sempre dos telefonemas de Dorothy para o escritório. O sotaque forte do outro lado da linha e as coisas sempre ditas duas vezes para não deixar duvidas no interlocutor. Prosa rápida, sempre seguida de um aviso que tinha mandado mais uma denuncia para o IBAMA … “você pode ajudar quem depende da floresta?”
Sempre tentando, sempre tentando Dorothy…
Salve Dorothy!
Nilo D’Avila”
Fonte: greenpeace.org/brasil
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