(Paulo Freire, A importância do ato de ler, 1988)
Feriado costuma ser bem aguardado, ainda mais quando se trata de um “superferiado”, como é o caso de 12 de outubro.
Nesta data, comemora-se o histórico “descobrimento” da América, o religioso dia da Padroeira do Brasil e, claro, o lúdico dia das crianças. Isto, aliás, quase todo mundo já sabe…
O que talvez seja novidade, é que 12 de outubro também seja o “Dia Nacional da Leitura e da Literatura”.
Este “novo” dia nacional foi instituído pela Lei nº. 11.899, sancionada pelo Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, em 08 de janeiro de 2009, e publicada no Diário Oficial da União, de 09 de janeiro de 2009.
A iniciativa partiu do Instituto Ecofuturo e chegou ao Senado Federal através do Projeto de Lei do Senado (PLS) 539/07, de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT/DF), que visa instituir o “Dia Nacional da Leitura” e, ainda, a “Semana Nacional da Leitura”, que será aquela em que recair o referido Dia.
Segundo o autor, o projeto objetiva valorizar e fomentar a convivência da sociedade brasileira com a produção literária do País, por intermédio da inserção no calendário brasileiro de uma semana especialmente dedicada à leitura e, como conseqüência, de um dia dedicado à leitura.
O Projeto foi aprovado como fundamental para que o valor da leitura continue a ser alimentado, pois é nesse meio tradicional, que é o livro, onde está conservado o conhecimento mais significativo, bem como as obras de arte mais representativas da civilização.
Este coincidente feriado – histórico, religioso, das crianças e, agora, da leitura – vem ao encontro de ampliar as ações de formação de futuros leitores e leitoras em nosso País.
Neste contexto, me vem à lembrança o grande e saudoso educador brasileiro, Paulo Freire, autor do livro “A importância do ato de ler”.
Para Paulo Freire, a “leitura da palavra” é precedida da “leitura do mundo”, pois o ato de ler se vai dando na experiência existencial de quem lê. Enfatiza também que é tão impossível negar a natureza política do processo educativo, quanto negar o caráter educativo do ato político.
A leitura, além do ato educativo e do ato político, é também uma experiência estético-cultural, de que o saber e a linguagem populares são plenamente ricos.
Daí porque a forma com que atua uma biblioteca popular, a organização do seu acervo, as ações que podem ser desenvolvidas no seu interior, tudo isso tem a ver com uma certa política cultural.
Conforme as palavras do próprio Freire:
“A biblioteca popular com centro cultural, e não como depósito silencioso de livros, é vista como um fator fundamental para o aperfeiçoamento e intensificação de uma forma correta de ler texto em relação ao contexto”.
É nesta perspectiva, que o CEPRO – Centro Cultural de Educação Popular de Rio das Ostras – procura manter e desenvolver seu projeto da “Biblioteca Popular Patativa do Assaré”, nome assim dado em homenagem ao conhecido e reverenciado cordelista nordestino.
Neste espaço de leitura, estudo, pesquisa e lazer é que, principalmente, estudantes, jovens e crianças vêm procurar a oportunidade que lhes vem sendo negada, por diversas razões: o direito ao acesso à cultura pela via da leitura e da literatura, em especial a brasileira.
Portanto, através da cultura popular o que se quer é a efetiva e afetiva participação do Povo enquanto sujeito na construção da sua História e de seu País.
Este é o permanente desafio para todo educador e toda educadora.
E vamos à leitura!